Aspergilose Revista
Olá Criadores,
Sou o Dr. Renan Cabral Cevarolli, médico veterinário e criador há mais de 14 anos, competindo principalmente em torneios de passeriformes silvestres no Rio de Janeiro, onde consegui fazer muitas amizades e, graças a Deus, muitas vitórias.
A experiência com criação e principalmente comportamento são fundamentais para obter sucesso na clínica. Coisas aparentemente sem importância como preferência alimentar, “prego”, capa em gaiola ecompanheiro (fêmea) são fundamentais para minimizar o estresse em uma eventual internação e termos sucesso na terapêutica de algumas doenças.
O cortisol é um hormônio produzido em situações de estresse como mudanças para ambientes inapropriados, frequente exposição aos predadores, contenção física, períodos de fome e sede. Este hormônio suprime respostas inflamatórias e imunes, abrindo as portas do organismo para infecções oportunistas como a coccidiose e a aspergilose. Escolhi esta última para me aprofundar um pouco mais visto que é um assunto pouco lido por nós, criadores.
Os fungos do gênero Aspergillus são onipresentes, ou seja, estão em praticamente todo lugar. Microscopicamente possuem hifas septadas e esporos que são agentes infectantes para nós e nossas aves. A inalação de esporos e hifas pode causar graves problemas respiratórios, tais como aerossaculite, pneumonia fúngica (figura 1) e aspergilomas de siringe; já a ingestão destes causa principalmente irritação no trato gastrointestinal aumentando a motilidade e causando diarreia.
O trato respiratório das aves é o mais complexo dos vertebrados e ao mesmo tempo é delicado e pouco vascularizado, o que dificulta a chegada de medicamentos que combateriam uma provável infecção. Desta forma, a nebulização é de extrema importância para o sucesso na terapêutica de uma micose respiratória. A siringe (figura 2), órgão fonador das aves, pela sua localização anatômica, justamente na bifurcação da traqueia, predispõe ao bloqueio de certos debris como os esporos ou hifas de fungos que podem se instalar e causar a famosa e preocupante rouquidão.
O diagnóstico de aspergilose é pelo exame de sangue, radiografia ou vídeo-laparoscopia; que necessitam de contenção física, e o tratamento é de no mínimo 40 dias. Ou seja, tudo que um criador de passeriformes como coleiros, curiós, bicudos e trinca-ferros não quer. Desta forma, a prevenção torna-se fundamental.
Podemos prevenir nossas aves de tal infecção com a seleção dos alimentos que fornecemos, dando preferência a alimentos embalados e de sabida origem das matérias primas que os compõem. As rações extrusadas podem ser uma boa opção, visto que possuem teoricamente todas as vitaminas e aminoácidos essenciais aos nossos alados.
É praticamente impossível impedirmos a inalação de um ou outro esporo diariamente e que acabam inativados pela própria imunidade do animal. Porém a quantidade de esporos inalados é fator a ser considerado, e uma gaiola suja, certamente possui muitos contaminantes que saturam o sistema imune. Pássaros frugívoros como trinca-ferro tendem a ter a gaiola mais suja e com mais umidade. Seria coincidência tamanha quantidades de problemas respiratórios nestes? Precisamos de diagnóstico!
Finalizo este pequeno e simples artigo sabendo que falta muito a se falar deste grupo de doenças causadas por este bioagente, como espécies e toxinas, mas deixarei para uma próxima oportunidade e tendo a intenção, neste primeiro momento, de ter esclarecido os temas mais importantes.
Sou o Dr. Renan Cabral Cevarolli, médico veterinário e criador há mais de 14 anos, competindo principalmente em torneios de passeriformes silvestres no Rio de Janeiro, onde consegui fazer muitas amizades e, graças a Deus, muitas vitórias.
A experiência com criação e principalmente comportamento são fundamentais para obter sucesso na clínica. Coisas aparentemente sem importância como preferência alimentar, “prego”, capa em gaiola ecompanheiro (fêmea) são fundamentais para minimizar o estresse em uma eventual internação e termos sucesso na terapêutica de algumas doenças.
O cortisol é um hormônio produzido em situações de estresse como mudanças para ambientes inapropriados, frequente exposição aos predadores, contenção física, períodos de fome e sede. Este hormônio suprime respostas inflamatórias e imunes, abrindo as portas do organismo para infecções oportunistas como a coccidiose e a aspergilose. Escolhi esta última para me aprofundar um pouco mais visto que é um assunto pouco lido por nós, criadores.
Os fungos do gênero Aspergillus são onipresentes, ou seja, estão em praticamente todo lugar. Microscopicamente possuem hifas septadas e esporos que são agentes infectantes para nós e nossas aves. A inalação de esporos e hifas pode causar graves problemas respiratórios, tais como aerossaculite, pneumonia fúngica (figura 1) e aspergilomas de siringe; já a ingestão destes causa principalmente irritação no trato gastrointestinal aumentando a motilidade e causando diarreia.
O trato respiratório das aves é o mais complexo dos vertebrados e ao mesmo tempo é delicado e pouco vascularizado, o que dificulta a chegada de medicamentos que combateriam uma provável infecção. Desta forma, a nebulização é de extrema importância para o sucesso na terapêutica de uma micose respiratória. A siringe (figura 2), órgão fonador das aves, pela sua localização anatômica, justamente na bifurcação da traqueia, predispõe ao bloqueio de certos debris como os esporos ou hifas de fungos que podem se instalar e causar a famosa e preocupante rouquidão.
O diagnóstico de aspergilose é pelo exame de sangue, radiografia ou vídeo-laparoscopia; que necessitam de contenção física, e o tratamento é de no mínimo 40 dias. Ou seja, tudo que um criador de passeriformes como coleiros, curiós, bicudos e trinca-ferros não quer. Desta forma, a prevenção torna-se fundamental.
Podemos prevenir nossas aves de tal infecção com a seleção dos alimentos que fornecemos, dando preferência a alimentos embalados e de sabida origem das matérias primas que os compõem. As rações extrusadas podem ser uma boa opção, visto que possuem teoricamente todas as vitaminas e aminoácidos essenciais aos nossos alados.
É praticamente impossível impedirmos a inalação de um ou outro esporo diariamente e que acabam inativados pela própria imunidade do animal. Porém a quantidade de esporos inalados é fator a ser considerado, e uma gaiola suja, certamente possui muitos contaminantes que saturam o sistema imune. Pássaros frugívoros como trinca-ferro tendem a ter a gaiola mais suja e com mais umidade. Seria coincidência tamanha quantidades de problemas respiratórios nestes? Precisamos de diagnóstico!
Finalizo este pequeno e simples artigo sabendo que falta muito a se falar deste grupo de doenças causadas por este bioagente, como espécies e toxinas, mas deixarei para uma próxima oportunidade e tendo a intenção, neste primeiro momento, de ter esclarecido os temas mais importantes.
Figura 1: Pulmão esquerdo de pássaro preto (Gnorimopsarchopi) com extensa placa aveludada esbranquiçada decorrente de infecção severa por Aspergillus sp.
Figura 2: Anatomia da siringe das aves, observar a localização que facilita a infecção.